Querido você,

Acabo de me dar conta de que hoje completo 2 meses em Porto Alegre. Uma mudança de vida, não só de cidade. Confesso que não foi fácil tomar essa decisão e abandonar tudo para recomeçar do zero. Uma casa nova, numa terra meio desconhecida, emprego novo, amigos novos, tudo por descobrir. Cheguei aqui com 2 malas e um sonho: ser feliz. Bom, não posso dizer que eu não era feliz em São Paulo e isso me martelava muito na cabeça quando eu pensava que aqui encontraria felicidade.

Nesse percurso, entendi que a felicidade tem que vir de dentro, não pode estar condicionada a algo ou alguém, talvez esse seja o grande segredo do desapego. Nesse sentido eu estava bem, São Paulo não era uma cidade que me incomodava tanto, eu conseguia viver harmonicamente com os seus contrastes. Cada vez que alguém me questionava sobre a minha decisão, eu também me questionava. Pra mim era claro o querer sair de São Paulo e vir para Porto Alegre, era algo intuitivo, como um chamado, sem muitas explicações. E eu sempre fui assim, meio sensitiva, por isso resolvi segui-lo. As explicações foram se formulando com o passar do tempo, com os questionamentos que foram surgindo.

Agora, depois desses dois meses, eu estou começando a entender o meu papel na cidade e o motivo real da minha mudança. Tem sim a ver com a minha intuição, ou talvez com a minha vontade de transformar algo aqui dentro e ao redor. Em 27 anos de vida eu nunca havia sentido uma sensação tão clara de pertencimento a um lugar como sinto hoje aqui.

É estranho uma pessoa que já se mudou algumas vezes dizer isso, mas acredito que essa sensação tem a ver com uma aceitação de si mesmo, muito mais do que um espaço físico. Eu nunca me senti pertencente, porque nunca havia me permitido ser eu mesma. E eu nunca fui eu mesma, porque nunca havia parado o tempo suficiente para me conhecer de verdade. A medida que essa descoberta foi acontecendo e que eu fui reconhecendo as minhas necessidades, meus sonhos e meus valores, eu fui identificando o que realmente fazia sentido para mim. Mais do que identificar, aceitar é o mais importante. Porque quando você se aceita tal e qual é, tudo ao redor passa a ter uma significado diferente. Você passa a ser o centro da sua vida e a fé em si mesmo começa a falar mais forte do que as dúvidas e medos de ser aceito e amado.

Posso dizer que hoje eu estou feliz, porque sou feliz. E Porto Alegre apenas potencializa isso em mim, porque a minha intuição estava certa ao me trazer pra cá. Durante toda a minha vida fui presenteada com o encontro de pessoas muito especiais, mas a sensação que tenho é de que aqui estou finalmente encontrando, aos poucos, os meus irmãos de alma. Para quem sempre se sentiu um peixe fora d’água, por ter idéias e pensamentos tão diferentes, ter essa sensação de irmandade é algo mágico, que preenche o coração de tal forma, que a minha vontade é de abraçar todo mundo que encontro na rua, só para poder compartilhar um pouco dessa minha alegria. Imagino que eu poderia ter encontrado isso em São Paulo, Goiânia, Granada ou qualquer outro lugar por onde já passei. Mas a minha intuição me trouxe para cá pois era aqui que eu tinha uma missão a cumprir. Que missão é essa? Ainda não sei e não tenho pressa em saber. Depois que entreguei as rédeas da minha vida para o destino, sei que boas surpresas virão em forma de aprendizado e que cada passo será em direção de uma utopia ‘possível’.

Quando eu digo: siga o seu coração, é tão simples quanto parece. A gente sempre sabe o que quer de verdade, a gente só tem medo de aceitar esse querer. Eu não tive medo e recomendo que você também não tenha.

Seja feliz.

*A intuição em alta não é apenas um privilégio meu. Esse é um dos significados de Netuno em Peixes, que neste mês está mais fortificado com a presença de outros planetas como Mercúrio, Sol e Vênus também no signo de Peixes. Falarei mais sobre esse ‘efeito’ no próximo post.