Olho para o relógio, são 7:30 da manhã de um dia que não volta mais. Me agito com a perspectiva da perda do tempo, vejo cada minuto escoando nos dedos que preparam o café, esse mesmo tempo que desbota meu corpo diariamente…
Agarro o tempo, quero fazer retroceder para que consiga lembrar de todo o tempo que consumi ontem, mas minha memória tripudia de mim…
Em Tempos Modernos, Hipermodernos, o ritual repetido da manhã é a prova que nossa pequena vida se defasa do turbilhão de informações que já habitam nossos computadores, que se aceleram, atualizam, reconfiguram, indiferentes à nós. Corremos, para captar o que de fato virou ato, com a sensação de estarmos sempre no ontem.
Onde deixamos aquele nós, que só no computador se revela, se anima, se alegra?
Os dias passam como acontecidos num tempo irreal, as aventuras que foram apresentadas ao nosso corpo, as infinitas possibilidades que nos seduziram somem, desaparecem como ar. Não temos memória para lembrar de tudo o que podíamos ter vivido num só dia. Ficamos frustrados, pois o que sobra é sempre um infinitésimo de tudo o que poderia ter sido.Compulsivamente nos procuramos em nosso computador…A sensação que todos estão disponíveis, sem limites, nos acalma.
Mas, o quê nos move?
Angústia, ansiedade, medo…excitação, fantasias, ilusões.
Em que dimensão acontece a vida enquanto em devaneio, prospectamos o que se espera de nós? Não sabemos, a cada novo dia vamos indo, sem saber para onde.
Nesses tempos fora do tempo, onde estamos cheios de pessoas que nos procuram para amizade, relacionamento e sexo, sem contato, sentimos que somos empurrados para frente, estamos sempre excitados, mas não saímos do lugar.
A aventura de fantasiar tudo o que seríamos se fôssemos outro, e se nos con – fundíssemos com muitos, expande a ilusão de sermos bem maiores de quem realmente somos.
Como sentir os chamados de mudança se perdemos a noção do tempo?
A vida real não é tão simples e nem tão ágil nos sentimentos. Os afetos e as emoções são âncoras para o amadurecimento, e é na paciência de viver em entreatos que o novo germina, e a vida vira poesia.
Nem sempre entendemos o momento que se apresenta, quando se completa um ciclo e o outro ainda está germinando, sentimos só confusão, medo e perplexidade.
Considerando que e-moção é o que nos move, ao evitarmos os fluxos da vida, substituindo o real pelo imaginário, eliminamos a emoção e o sentido de viver.
Como escutar o chamado de Plutão, se não conectarmos com nossas sinceras emoções? Como sentir que é o momento de partir se nem percebemos que chegamos?
Como nos apresentaremos frente a Saturno, o senhor do tempo, severo cobrador de responsabilidades, se ainda nem pensamos em crescer?
Transformação, alquimia, mudanças, morte e renascimento, deixar tudo virar cinzas para que surja uma nova Fênix, esse é o momento da recepção mútua de Saturno em Escorpião e Plutão em Capricórnio. Só uma certeza: momento de questionar.
A rotina que assegurou conforto, previsibilidade, segurança, para todos nós, começou a esvaecer no final de 2012, em um processo que só se completará em 2015. O que no início se apresentou de forma muito sutil, aos poucos irá se impor poderosamente bem ao gosto das vibrações escorpioninas.
Seremos provocados a questionar propósitos e motivações com mais profundidade, sobre as condições de estagnação que nebulam a visão de novos caminhos, e a desarmar nossas tão queridas justificativas. Seremos desafiados a explorar e a checar nossas capacidades emocionais e afetivas para conter experiências relacionadas a poder, sexo, transformação, desapego, verdades, mortes e renascimentos, assuntos de Plutão. E com Saturno envolvido, tudo é uma questão de tempo, mais dia ou menos dia, seremos convocados a responder.
Por: Lu Teixeira – lucia@ohumanoemnos.com.br