Foto por: Juliana França

Todos os dias eu acordo com medo. Basta abrir os olhos e já sinto o coração dar uma leve disparada. Onde estou? O que estou fazendo da minha vida? Como será o meu futuro? E percebo que sempre que penso no futuro o coração dispara. Sinto uma certa angústia. O tal medo que vem em forma de névoa. Aos poucos vou me repetindo que está tudo bem e não preciso me preocupar. O futuro é feito do presente, então vou tentando me concentrar no agora para dissipar a ansiedade. Respiro fundo, sinto o ar entrando e tomando conta do meu corpo. Sinto meus pés, pernas, braços, mãos. Penso em tudo o que posso realizar, tomo consciência do meu potencial. Agradeço. Me levanto.

De uns anos pra cá essa tem sido a minha rotina diária. O medo em quem escolhe um caminho não convencional também existe, afinal, o mundo nos coloca muitas obrigações e nos vende que precisamos ter seguranças no futuro. Quando você percebe, está vivendo em função do futuro e não do presente. Esquece de saborear a comida, de se abrir para os encontros que o acaso traz, de aceitar o novo, de se jogar no inesperado.

O medo vem e de nada adianta lutar contra ele. Todos os dias ele me acorda, mas eu aprendi a encará-lo de frente. A olhar bem fundo em seus olhos e me acolher. A medida em que eu fui entendo a sua existência e o aceitando em minha vida, eu percebi que ele foi ficando mais fraco. Não que ele tenha perdido força, mas o acolhimento que resolvi dar a ele fez com que nos tornássemos mais íntimos, pois eu passei a entendê-lo melhor. E por entendê-lo melhor, eu passei a me assustar menos.

Como lutar contra algo que é seu? A questão está em não lutar, mas acolher. Porque quando você acolhe, você abre espaço para entender e, então, mudar. Foi acolhendo o meu medo que eu descobri a coragem que tenho. O medo se transformou em força. A coragem de percorrer os caminhos desconhecidos, de aceitar o novo e celebrar a vida.

O meu medo não é maior do que a minha coragem, pois eles são a mesma energia. Então, agora, sempre que me desperto pela manhã e sinto medo, agradeço por ele estar ali. Pois ele me mostra o quão forte eu sou.

 

 

 

Juliana França trabalha com astrologia terapêutica, sob a visão humanista. Também tem estudos em psicanálise, psicologia junguiana e antroposofia.