Eu sempre gostei do desconhecido. De ser estrangeira. De cruzar fronteiras e me jogar no novo. Devo ter sido algum descobridor em alguma vida passada, desses que se atiravam no oceano em alguma embarcação. Sempre gostei de ondas e também de imaginar. Imagino um mundo colorido, onde só existe felicidade e gentileza. Tento viver nele sempre que a realidade me permite.
O que me liga a crianças? Talvez tudo isso. Toda criança é um pouco estrangeiro. Recém chegado ao mundo, precisam aprender a falar aquele novo idioma. Descobrir as pessoas, os sabores, os costumes e lugares. Todo começo carrega um pouco de inocência e sempre é assim quando chegamos num novo país ou lugar. Assim também é na infância. Um eterno descobrir e viver. Mas um viver com abertura, com entrega.
Crianças se jogam, colocam o dedo na tomada, não têm medo. Aos pouco vão aprendendo para quê serve isso ou aquilo. Não julgam, apenas sentem. Imaginam cookies na areia e transformam cobertores em casas, cabanas, castelos ou piscina. Vivem no presente, pouco se importam com o futuro ou passado. Apenas são, genuinamente. Se têm fome, não fingem. Se sentem raiva, não escondem. Eles são, na verdade, verdadeiros mestres para nós, adultos.
Quando comecei a minha jornada de trabalho e estudos com crianças, não imaginava que tínhamos tanto em comum. Cheguei aqui em Chicago – onde estou estudando Early Childhood Development – e fui percebendo a descontrução que aquele contato com os pequenos começou a me causar. Pois trabalhar com crianças é trabalhar com a alma. E se você não está pronto para se desconstruir por completo, você não está pronto para trabalhar com eles. Eles são pequenos mestres. Mestres que te ensinam sobre a interdependência, a impermanência, o viver no presente e a doação. Cada dia eu aprendo mais e sou mais tocada por eles. E percebo o quanto de criança ainda tenho dentro de mim.
Bem vindo à minha jornada. Aqui contarei sobre as teorias, as descobertas e vivências nesse mundo infantil. E espero que, assim como eu, você também possa se beneficiar desse universo. 🙂