Sobre invernos e primaveras

A natureza usa o inverno como um momento de recolhimento. Recolhem-se as pessoas, as árvores, os animais. Tudo fica mais lento, mais monocromático, mais cinza. Muitos reclamam do inverno, afinal, não é fácil viver sob baixas temperaturas e aguentar um pedido de calma numa rotina que nos ejeta para o fazer constante. É necessário aprender a parar. Esperar. Descansar.

Por mais que não vivamos em zonas com as estações do ano bem marcadas, todos nós temos os nossos invernos próprios. São essas chamadas fases de transição, quando precisamos nos recolher para acumular energia para dar um passo adiante. Tem aqueles dias em que parecemos estar operando com o nível mais limítrofe de bateria, em que desejamos que desliguem logo as luzes e anoiteça por 12 horas, para que possamos desaparecer de tudo e de todos. Nesses momentos, não adianta tentar ascender lanternas e luzes de LED, o nosso corpo precisa descansar. Precisa se dar o tempo de se recarregar, de organizar os pedaços internos, se refazer.

Na natureza é justamente no inverno que as sementes estão na sua maior atividade. Achamos que elas estão ali semi-mortas, mas é nesse recolhimento que internamente elas se preparam para a fase seguinte, a primavera, assim como em nossas vidas.

Viver um inverno interior não é fácil. Como no frio intenso, dói fundo, às vezes até dando a sensação de que os nossos ossos vão se quebrar por completo. A vontade de recolhimento impera, muitas vezes acompanhado por uma grande tristeza. Mas são justamente esses os momentos que nos trazem o maior potencial de amadurecer as nossas sementes mais profundas.

Se olharmos a fundo para os nossos invernos, se aceitarmos com generosidade esses momentos de recolhimento, se nos respeitarmos nos limites de bateria, estaremos nos preparando para uma linda primavera. Pois, exatamente como na natureza, por mais longo e duro que possa ser um inverno, ele acaba. E sempre será precedido pela estação das flores, frutos e temperaturas amenas. Afinal, nenhum inverno dura para sempre, nem mesmo os internos.

Sobre o que vai e o que vem

 

foto: Juliana França

foto: Juliana França

Quem chegou até aqui sabe que 2014 não foi um ano fácil. Configurações astrais ainda não tão favoráveis fizeram deste ano um ano pesado, com muitas descobertas, momentos de felicidade e lutas internas profundas. Toda a sujeira veio à tona, algo bem típico de um trânsito forte como Saturno em Escorpião. E a crise só está na metade.

Gostaria poder dizer que 2015 será um ano doce e leve, mas temo que isso não acontecerá assim, de forma tão fácil. Será necessário um certo esforço pessoal, um olhar para dentro e aceitar as nossas próprias mentiras, traições e falsidades. Aceitar a nossa imperfeição, nos livrarmos das culpas que não nos pertencem e seguirmos um caminho com mais sinceridade conosco. Enquanto não olharmos para nós mesmos, não nos aceitarmos e não sermos sinceros com os nossos mais reais sentimentos, pedras continuarão aparecendo. Além disso, situações decorrentes do passado voltarão não para nos assombrar, mas para nos dar a oportunidade de curar nossas feridas ainda abertas. E isso dói, acredite. Seja forte.

Precisamos, mais do que nunca, assumir nossas dores e vontades. É daí que virá a nossa força. E quando digo vontades, não são as materiais, muitas vezes confundidas pela ambição de um desejo de vida tranquila. A tranquilidade não vem do que se tem e sim do que se é. É necessário buscar-se a si mais do que nada, entender que o ódio não é resposta para nada, nem mesmo os arrependimentos. Somos fruto das nossas escolhas e todas elas retornam, para o bem ou para o mal.

É momento de assumirmos a responsabilidade pelas nossas atitudes e deixarmos de culpar o sistema, o trabalho e aqueles que estão ao nosso redor. Só nós temos o poder e a capacidade real de mudarmos a nossa vida. Se você está insatisfeito, reveja as suas vontade e atitudes, pois o mundo pode te dar tudo o que você quiser, mas se você não estiver feliz consigo mesmo, será incapaz de perceber o que tem. O sofrimento é uma escolha, portanto, lembre-se que você pode escolher ser mais feliz.

O que está no ar

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Um dia recente…

Estou saindo do estacionamento de um banco e ao sair uma moça dentro de uma SUV bloqueia meu carro. Aproximo-me e aviso que estou de saída, peço para que ela se afaste   para liberar meu carro, ensaio alguma simpatia oferecendo minha vaga.

Entro em meu carro e aguardo.

Nenhum movimento, nenhuma resposta. Lembro que é melhor ter paciência, ela continua teclando seu celular, alheia ao meu tempo.

Penso otimista: ela já deve ter ligado a ignição.

Espero…..

Passam-se cinco minutos, começo a sentir aquela impaciência desconfortável de quem está sendo desrespeitada. Arrisco…. buzino…..

Sou atacada por insultos, com direito a receber na cara o gesto típico do dedo anular em riste.

Ela continua teclando, e eu tendo que ficar no tempo dela.

Segunda cena

Caminho em uma avenida, que por acaso naquele momento estava deserta.

Em minha direção um homem com aparência soturna, com claras evidências de ser mendigo. Penso, um craqueiro que virá me assaltar.

Sinto o desconforto do medo, resolvo ir em sua direção e aborda-lo com um bom dia.

Ao que ele responde: A senhora sabe que andar por aqui é muito perigoso?

-Não sabia, respondi.

-Vou acompanhá-la para protegê-la.

Estava ã frente de alguém esquecido e desprotegido pela sociedade que me oferecia proteção, agradeci emocionada.

Gestos distintos que traduzem os extremos: Uma jovem em sua SUV e um mendigo que oferecem o que tem!

Como entender nós humanos?

“Somos poeira de estrelas” disse Carl Sagan retratando de modo lírico nossa participação no universo. Somos parte de uma sinfonia e implicados na realidade que compomos.

Para a  Astrologia somos um fractal do universo, e trazemos registrado no instante do nosso nascimento as dinâmicas a serem desenvolvidas para evolução das melhores qualidades do que é humano em nós. Temos uma dimensão cósmica.

Nossa capacidade de reconhecer, organizar e internalizar nossa humanidade vai ao encontro de nossa responsabilidade em assumir que somos co-autores, e implicados em uma realidade muito maior que a nossa racionalidade  pode abarcar.

Nesse momento, o céu nos está convidando a repensar nossos relacionamentos, e a nossa responsabilidade em sustentar a sensibilidade, de ser tocado por um outro humano, que sente as mesmas fomes, as mesmas dores, e os mesmos medos que nós.

Em épocas de afirmar as diferenças, estamos sendo convidados para nos reconhecer.

Refletir sobre solidão no meio da multidão, refrescar nossos olhos para enxergar a beleza  de sermos nós.

Será que nas nossas contas de solidão, estamos deixando de computar que somos sós por evitar os nós?

Por: Lu Teixiera – lucia@ohumanoemnos.com.br

Uma visão contemporânea dos relacionamentos

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Quem somos nós? Parafraseando o filme que tem atraído a atenção de muitos, penso como seria interessante nos olharmos sob a ótica dessa questão, refletindo sobre quem somos nós, nesse momento de desconstrução e reconstrução de nossas convicções a respeito de nós mesmos. Estamos percebendo que muitas das nossas teorias não encontram ressonância quando as experimentamos em condições mais simples.

Sabemos que devemos ser solidários, amorosos, pacientes e tolerar a diversidade. Mas quando nos relacionamos com outras pessoas, seja no trabalho, com o(a) parceiro(a) amoroso(a) ou com a família, parece que a teoria não acontece na prática e, então, passamos a pensar o que saiu errado. Ou a não pensar, criando uma divisão que nos protege do conflito, da sensação de mal estar, mas que acaba por nos enfraquecer, uma vez que nos separamos de uma parte de nós mesmos deixando que a dicotomia entre o que fazemos e o que acreditamos se estabeleça.

Algo muito importante na nossa história é o substrato que sustenta nossa intenção de sucesso nas nossas relações afetivas. Hoje muitos de nós já se questiona o que mudou, por que o amor romântico não é mais possível, por quê ficar passou a ser uma opção de relacionamento entre jovens e os não tão jovens? Porque assumimos que ninguém tem a posse de ninguém, que o amor é aberto. Mas não conseguimos conter as emoções de raiva, frustração e abandono quando nos apaixonamos e nos assombramos com medo da perda. Achamos que algo está desconectado e não temos mais certezas das teorias que pregamos.

É nesse momento de crise, em que nossa defesa falha, que aparece nossa fragilidade, que muitas vezes adoecemos. São momentos de depressão, insônia, vulnerabilidade a infecções e até crises alérgicas.

Essa história começa lá atrás, quando para sobreviver precisávamos desesperadamente que um outro nos amparasse, nos nutrisse e nos garantisse o aconchego, o carinho e a paciência para que pudéssemos em conforto, nos preparar para a experiência de viver.

Hoje, viver nos parece muito perigoso, ficamos ansiosos com cobranças, não suportamos pressões, temos muito pouca paciência com quem atravanca nosso caminho e tolerância zero com frustrações. Acontece que não sentimos nem mais quem somos nós!

Sentir é a primeira relação que experimentamos com o mundo, experimentamos o mundo em nós. Agradável, desagradável, calor, frio, satisfação e frustração.

A perda de contato com a fonte nutridora e de sustentação nos conta que estamos em risco e que nessa urgência precisamos acionar sistemas de emergência para garantir nossa sobrevivência. Esse alarme em períodos muito iniciais de nosso desenvolvimento provoca uma inundação de emoções e alterações em nosso funcionamento interno que rapidamente mobiliza todos os recursos disponíveis para construir um dique que nos contenha. Habilmente nos encapsulamos para não explodir!

Imaginando essa situação, entendemos que ao lançarmos mão desse recurso tão necessário para a nossa sobrevivência, acabamos caindo numa armadilha, porque começamos a nos distanciar de um recurso fundamental para viver, que é a sensação de ser.

Sem sentir nossa realidade interna, passamos a imaginar quem somos nós, substituindo o sentir pelo fazer e pelo pensar, nos aprisionando nessa desconexão.

Empenhados em nos inventarmos vamos construindo regras que garantem nossa sobrevida, mas não percebemos que deixamos de exercitar e nutrir o que seríamos nós, investindo em modelos que esperam de nós. Complicado não?

Confusos e melancólicos com nossa ausência, sem entender que a perda primordial do núcleo nutridor nos feriu e nos fez carentes, atuamos uma vida de empobrecimento afetivo. As trocas são escassas por isso enrijecemos para não cair, as regras nos amparam e tudo que não é certeza nos ameaça! Vamos buscando fora a confirmação de que existimos e de quanto valemos, quando não vem nos punimos ou punimos o outro. Nosso mundo se aperta, nos pressionamos ou explodimos na busca de confirmação ou negação de quem somos nós.

Se não sei, não existo!

Somos hoje uma população de pensadores, viciados em teorias e informações que possam nos contar sobre nós. Nos viciamos em trabalho, em ginásticas, em drogas, em raivas ruminantes, que excitam nosso corpo.

Como estar com um outro com esse arsenal todo?

Nossos relacionamentos têm nos contado que o encontro com o outro revela nossa ausência e assim desistimos dessa empreitada. Parece que estamos escolhendo trocar a experiência amorosa por excitações fugazes que por um momento nos recorda dessa tão distante sensação de que somos alguém.

Nesse momento de reconstrução de valores, num coletivo em franca transformação, sugiro essa reflexão: Onde estamos nós?

2014: o ano da verdade

2013 não foi um ano fácil. Também, o primeiro ano após o ‘fim do mundo’ não poderia ser diferente. Um ano marcado pelas forças de Plutão, Urano e Saturno, e, ao mesmo tempo, com as graças de Júpiter e Netuno. O que isso significa?

O ano que passou foi duro. Muitas pessoas viveram alguns terremotos em suas vidas pessoais. Marcou o fim e início de um novo ciclo em muitos sentidos. Foi acompanhado de dor, mas também muita coragem para mudar os rumos, hastear as velas em busca de novos mares.

Todo e qualquer processo de mudança não é fácil, mas é necessário. O ano da morte, tipicamente plutoniano, trouxe muitas surpresas e renovações. E quantos de nós não sentiu o chão sumir sob os pés? Mas aos poucos os nossos alicerces vão sendo reconstruídos, os nossos sonhos reajustados e muitos de nós vai tomando a consciência de que mudar é necessário, causando assim um despertar num nível mais profundo.

2013 foi o ano da limpeza, de rever os nossos reais valores e anseios. Foi o ano de olhar para dentro, de buscar a inteireza do nosso ser. Claro que não podemos generalizar. Cada ser humano vive esses aspectos de uma forma muito pessoal, mas em âmbito geral, 2014 continua com esse processo.

2014 não será mais fácil. Ainda marcado por algumas turbulências, a única coisa que esse novo ano pede é verdade. Verdade consigo e com o mundo. Generosidade e compaixão para olhar para si e seus problemas e tomar uma atitude. Será que estou sendo sincero comigo mesmo? O que realmente me motiva nessa vida? O que me faz ir além?

Para 2014 lhes faço um convite: antes de sair vivendo de inércia, pare um pouco, olhe para dentro e reflita. Seja coerente com aquilo que você acredita. Olhe para os lados, seja generoso. Ame mais e entenda que todos nós também passamos por dificuldades. Todos nós temos nossas dúvidas, nossos questionamentos. Todos nós buscamos a felicidade e sofremos, cada um do seu jeito, pelos seus motivos. Tente praticar a compaixão consigo e com o mundo diariamente. Não se culpe tanto e permita-se viver aquilo que sempre sonhou. E antes de ser honesto com o mundo, seja honesto, primeiramente, com você mesmo. Não se esqueça que você é a mudança que tanto deseja ver no mundo. Portanto, se você anseia viver num lugar melhor, trabalhar num lugar melhor ou se relacionar de uma melhor maneira, não cobre de fora aquilo que depende só de você. O mundo é o nosso espelho. E, 2014, apenas um novo ano, que será aquilo que você fizer dele.

O triângulo das águas: quando a vida pede sensibilidade

 

Estamos vivendo o que na astrologia chamamos de triângulo das águas: Netuno em Peixes, Saturno em Escorpião e desde o dia 25 de junho já sentimos a entrada de Júpiter em Câncer. O que tudo isso significa? Nossos 3 signos de água no zodíaco, muito bem povoados, estão trazendo muita sensibilidade para as nossas vidas e para o mundo em geral. Estamos num momento de (re)viver os conceitos de amor coletivo, resgates familiares, encontros mágicos, realizações positivas, vidas em transformação.

O que o mundo clama agora é por amor, seja ele qual for. Mas ao mesmo tempo, somos fortemente colocados frente a frente com os nossos piores medos. Saturno em Escorpião faz bem esse serviço de trazer para a superfície as nossas inseguranças e tudo o que já estava ficando ruim começa a piorar. Em compensação, a força de expansão de Júpiter em Câncer é muito positiva e reforça tudo aquilo que é bom para nós, trazendo grandes presentes do Universo e potencializando tudo de bom que deve acontecer.

O momento pede coragem pra olhar pra dentro, se questionar, fazer a faxina que Saturno nos pede: jogar fora tudo aquilo que não nos serve mais, todos os sentimentos ruins que acumulamos, nossos medos e temores mais profundos. Todos eles estão aparecendo para serem enfrentados e então transformados. E toda essa transformação se tornará mais leve se usarmos todo o nosso amor e compaixão por nós mesmos nesse processo. Precisamos acolher a nossa jornada, olhar pra dentro com atenção e, então, provocar todo esse renascimento que tanto necessitamos.

Olhar pra si com amorosidade, dar-se uma segunda chance de ser feliz e ir em busca dos seus sonhos: é o que o mundo nos pede nesse momento.

Coragem, 2013 está apenas começando. 🙂