Você acredita em intuição?

foto: Juliana França

foto: Juliana França

“Você acredita em intuição?”

Me imaginei no divã, na sala do meu analista, fazendo a ele essa pergunta. A resposta provavelmente seria não, seguida de alguma interpretação ou rótulo psicanalítico.

E você, caro leitor, você acredita em intuição?

Em meio a obrigações do dia, me peguei nessa pergunta. Essa sempre foi e sempre será uma importante questão para mim. Uma questão por vezes difícil e também fácil de responder. Sempre tento buscar explicações vãs para coisas inexplicáveis. Estudar para encontrar respostas que sempre se encaixam em uma determinada teoria. Afinal, a gente sempre pode encontrar uma desculpa ou razão para tudo, não é mesmo? E a intuição, aonde ela fica nessa dança?

O que mais me incomoda na minha rotina em São Paulo é andar pelas ruas e perceber olhos anestesiados. Olhos cegos pela pressa, pela ambição, pela raiva, pelo Rivotril. Olhares perdidos, vazios, tristes. E meu exercício diário é lutar contra isso que chamo de normose.

Todos os dias me pergunto quais são as minhas ambições. Tento até fantasiar algumas, mas percebo que elas, no fundo, não existem. Queria tanto me encaixar num modelo, mas não consigo. O que quero deixar para o mundo? Uma herança sanguínea, um nome marcado na história de alguma grande empresa, algumas posses materiais ou simplesmente a certeza de que vivi uma vida plena? Fico com a última opção. E é exatamente aí que vejo a intuição. Para mim, uma vida guiada pela intuição é uma vida sem certezas, sem explicações aparentes, difícil de se encaixar em padrões pré-estabelecidos. Por isso é tão difícil acreditar nela. Por isso é tão mais fácil se anestesiar, se culpar ou jogar a culpa naquilo que nos rodeia. Viver com a intuição é se guiar pelo livre arbítrio, é saber que erros não existem e que escolhas, todas elas, fazem parte da jornada. Viver com a intuição não é tarefa fácil, mas será que não é justamente isso que a gente deveria aprender?

Sobre o que vai e o que vem

 

foto: Juliana França

foto: Juliana França

Quem chegou até aqui sabe que 2014 não foi um ano fácil. Configurações astrais ainda não tão favoráveis fizeram deste ano um ano pesado, com muitas descobertas, momentos de felicidade e lutas internas profundas. Toda a sujeira veio à tona, algo bem típico de um trânsito forte como Saturno em Escorpião. E a crise só está na metade.

Gostaria poder dizer que 2015 será um ano doce e leve, mas temo que isso não acontecerá assim, de forma tão fácil. Será necessário um certo esforço pessoal, um olhar para dentro e aceitar as nossas próprias mentiras, traições e falsidades. Aceitar a nossa imperfeição, nos livrarmos das culpas que não nos pertencem e seguirmos um caminho com mais sinceridade conosco. Enquanto não olharmos para nós mesmos, não nos aceitarmos e não sermos sinceros com os nossos mais reais sentimentos, pedras continuarão aparecendo. Além disso, situações decorrentes do passado voltarão não para nos assombrar, mas para nos dar a oportunidade de curar nossas feridas ainda abertas. E isso dói, acredite. Seja forte.

Precisamos, mais do que nunca, assumir nossas dores e vontades. É daí que virá a nossa força. E quando digo vontades, não são as materiais, muitas vezes confundidas pela ambição de um desejo de vida tranquila. A tranquilidade não vem do que se tem e sim do que se é. É necessário buscar-se a si mais do que nada, entender que o ódio não é resposta para nada, nem mesmo os arrependimentos. Somos fruto das nossas escolhas e todas elas retornam, para o bem ou para o mal.

É momento de assumirmos a responsabilidade pelas nossas atitudes e deixarmos de culpar o sistema, o trabalho e aqueles que estão ao nosso redor. Só nós temos o poder e a capacidade real de mudarmos a nossa vida. Se você está insatisfeito, reveja as suas vontade e atitudes, pois o mundo pode te dar tudo o que você quiser, mas se você não estiver feliz consigo mesmo, será incapaz de perceber o que tem. O sofrimento é uma escolha, portanto, lembre-se que você pode escolher ser mais feliz.

Caminhar sem medo

Foto: Juliana França

Foto: Juliana França

Há exatamente um ano eu estava desembarcando em Paris com uma mala e muitas dúvidas. Estava completamente perdida, não tinha a mínima noção do que seria e do que queria que fosse o meu futuro. Era como se houvesse um abismo sob os meus pés, mas, por incrível que isso possa parecer, nada desesperador. Uma imensa calma me acompanhava, pois eu sabia que na hora certa e do jeito certo, as coisas iriam se ajeitar e a cabeça iria voltar para o lugar.

Queria passar meu aniversário em Paris, não pelo glamour, mas por uma simples intuição. E foi a melhor coisa que fiz. A temperatura ideal, com dias lindos e azuis, a cidade toda florida e um amigo Capricorniano também passando por um momento de mudanças. Lembro que no dia do meu aniversário acordei cedo e fui ajudá-lo a buscar umas araras do outro lado da cidade. Foram uns 40 minutos em 3 linhas de metrô, um castelo, várias praças, até descobrir que as araras não estavam lá onde ele esperava encontrá-las. Quando você não conhece a cidade, qualquer lugar vale a pena, qualquer passeio é uma nova descoberta. E talvez essa tenha sido a grande lição desse dia: o meu presente foi essa descoberta. Apesar da frustração de termos caminhado tanto para não alcançar o nosso objetivo, observei cada esquina, cada flor e a beleza revisitada daquele castelo que eu já conhecia de outros passeios. O caminhar, a companhia, o ser útil e as descobertas no meio do caminho, me fizeram ver exatamente o que a vida era e me fez perceber que não ter respostas não é um problema e sim, muitas vezes, uma solução.

Lembro que nessa semana que fiquei em Paris, levava um mapa sempre comigo, mas raras eram as vezes que o abria. De algum jeito e por algum meio eu chegaria em casa no fim do dia. Essa sensação de se perder na vida, sem muitos medos, é uma das melhores que se pode ter, principalmente se depois conseguimos aplicá-la no nosso dia a dia, nessa rotina maçante que vivemos. Foram 9 meses me sentindo completamente perdida, sem respostas e com todas as certezas sendo descontruídas. Sem casa, sem emprego, completamente fora da minha zona de conforto. A única coisa que eu achava que tinha como posse, era uma mala, algum dinheiro guardado no banco e um pouco de fé. Fé de que eu estava trilhando o melhor caminho que podia naquele momento e, justamente por estar vivendo um momento de total desapego material, pude ganhar com todo o resto que se apresentou ao meu redor. Ganhei em amizades, descobertas, sensibilidade e experiência de vida. Um ano se passou e eu me transformei totalmente.

Nesse dia do meu aniversário, depois que deixei meu amigo, fui dar uma volta em Montmartre e parei no Basílica de Sacre Coeur. Me sentei ali dentro, em silencio total, numa espécie de meditação. Uma senhora me entregou um papel, onde se lia: escreva aqui os seus pedidos. Não sou de pedir muito, além de felicidade, mas naquele momento escrevi três coisas naquele papel. Motivada por aquele momento, não sei se já era uma previsão do que estaria por vir, ou um profundo desejo, fiz aqueles pedidos do fundo do meu coração, me sentindo até um pouco egoísta por pedir algo num momento tão rico que estava vivendo, de profundo auto-conhecimento.

A viagem seguiu, outras vieram. Muitas coisas se sucederam nos meses que passaram e, finalmente, um ano se completou. Posso dizer que apesar de tudo, os últimos meses foram os mais ricos da minha vida, em todos os sentidos, inclusive financeiramente. Poucas pessoas talvez entendam verdadeiramente o que foi esse período para mim, talvez nem eu mesma entenda tudo isso em sua completude nessa pequena existência, mas esse deixar-se levar pela vida foi, sem dúvida, o maior de todos os aprendizados que já tive. As dúvidas foram se dissolvendo no tempo certo, demorou um pouco mais do que eu imaginava, mas fui me encantando pelas surpresas do caminho, tornando esse caminhar ainda mais belo. E os 3 pedidos feitos com profunda fé naquele 30 de agosto de 2013 foram atendidos, o último deles, nesta semana. E hoje tenho a consciência de que tudo isso só aconteceu, porque eu deixei que acontecesse, sem pressa e sem expectativas, no tempo certo, da maneira devida, sem interferir, aceitando tudo o que surgia com gratidão.

Eu sei que para o meu novo ano ser doce, só depende de mim. Eu só consigo tornar o meu redor um lugar melhor, se eu for uma pessoa melhor. O mundo não muda, o que muda é a minha forma de ver o mundo. Hoje tudo é diferente para mim, porque eu me tornei uma pessoa diferente, e se eu consigo enxergar o amor fora, é porque ele passou a existir dentro.

Sobre a liberdade e a verdade de ser você mesmo

Foto: Juliana França

Foto: Juliana França

Talvez um dos temas mais difíceis de se escrever seja sobre a liberdade. Temos a impressão de sermos livres, afinal, vivemos numa democracia, somos donos do nosso nariz, temos o direito de ir e vir… então, como assim não somos livres? Errado é quem diz o contrário! Pois duvido que a liberdade seja algo assim tão presente em nossa sociedade…

Antes mesmo de nascer, passamos a existir no imaginário de nossos pais e de nossa família. Ganhamos um nome sem mesmo vir ao mundo e mesmo antes de respirar pela primeira vez aqui fora, uma série de planos são feitos para o nosso futuro. Já nascemos carregando uma série de expectativas que colocam sobre nós e que, aos poucos, vamos aceitando e introjetando em nossa vida diária como uma obrigação, a medida que avançamos em nossa evolução: família, escola, amigos, faculdade trabalho. Já sabemos a fórmula da vida perfeita, aquela que nos foi ensinada lá atrás, aquilo que chamaram de sucesso e que muitas vezes vem acompanhado de um emprego, somas de dinheiro, casamento, filhos, carro, casa própria e férias uma vez ao ano. Pois se é assim que vivem todas as pessoas, quem serei eu para dizer o contrário e querer fazer diferente?

Vivemos uma liberdade ilusória, achamos que temos tudo, quando na verdade estamos vazios. Creditamos a nossa felicidade na compra do próximo sapato, no jantar naquele restaurante bacana, na viagem a praia no feriado prolongado. E essa felicidade dura pouco. Dura menos que o sapato, o tempo do jantar e acaba num fim de tarde, num domingo, véspera da segunda-feira, quando somos obrigados a voltar para a realidade que nos permite pagar a fatura do cartão de crédito. E assim seguimos, com a garganta seca, o sono em dia e as contas pagas. E quando é que pensamos na liberdade? Será que sabemos o que é a verdadeira felicidade?

Não é fácil ser livre (muito menos feliz). Liberdade não significa apenas abdicar de uma vida regrada, pois a verdadeira liberdade não é colocar uma mochila nas costas e fugir para outro continente. Ser livre verdadeiramente significa olhar para dentro e se enxergar de verdade. E esse é, talvez, um dos exercícios mais difíceis de se fazer, afinal, aprendemos tanto sobre quem tínhamos que ser, que esquecemos de nos perguntar quem gostaríamos de ser. Não fomos ensinados a nos encarar de frente, a viver a verdadeira liberdade, essa que nos vem sendo cobrada ultimamente. E, por isso, temos medo de assumir aquilo que acreditamos, pois ainda vivemos sob os holofotes dos julgamentos alheios. Ora, se ainda tememos ser julgados, a liberdade, então, seguirá nos sendo ilusória.

Com os intensos trânsitos astrológicos que estamos vivendo nesses últimos anos, o mundo vem pedindo verdade, mas para que haja verdade com o mundo, é preciso, antes de tudo, que exista verdade consigo mesmo.

Você por acaso já parou para pensar em quem você é de verdade?

Por: Juliana França – juliana@ohumanoemnos.com.br

O peso de nossas escolhas

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*foto: Juliana França

Fazer escolhas não costuma ser fácil para ninguém. Os signos de ar pensam demasiado. Os de terra analisam cada detalhe, os de água se sentem confusos e os de fogo geralmente saem passando por cima de tudo. Fui bem genérica no meu comentário, mas foi apenas para ilustrar um pouco como os elementos de nossos signos nos influenciam nesses momentos. A grande questão é que todos nós estamos cercados de dúvidas e de escolhas a fazer e decidir um caminho sempre vai nos parecer complicado.

Fazer uma escolha significa abrir mão e nem sempre estamos dispostos a abrir mão de algo. Somos tão cheio de certezas e objetivos, que a simples possibilidade de falhar em algo ou perder alguma coisa, já nos deixa loucos. E o que é viver senão estar constantemente abrindo mão de algo?

Quando fazemos uma escolha, geralmente já entramos em determinada situação cheios de expectativas. Esse, talvez, seja o nosso maior erro em começar algo. A expectativa quase sempre vai gerar frustração, pois o viver vai além da nossa imaginação. Imagino que, justamente por isso, sempre ficamos com um certo medo quando temos que decidir alguma coisa. Pelo medo de falhar, das coisas não acontecerem exatamente como esperamos. E, presos nesse medo, sofremos.

Uma escolha sempre envolve um risco, mas sempre nos traz também muitos benefícios e aprendizados (se formos capazes de enxergar). Podemos viver nossas escolhas com plenitude se não nos deixarmos levar por nossos medos, nossos apegos ou nossas expectativas. Aprender a dançar com a vida, essa é a grande lição das escolhas. Sempre teremos prós e contras, nada será exatamente como imaginamos. Mas se nos entregamos às situações, vivemos com mais plenitude, aceitamos o que nos acontece, somos gratos pelo que temos.

Quando escolhemos por um caminho, temos que vivê-lo. Se estamos sempre presos no que deixamos para trás, ficaremos sempre fazendo comparações: “ah, mas se eu tivesse escolhido de outra forma, tal coisa teria acontecido.” A grande verdade é que você nunca saberá o que teria acontecido, pois você nunca viveu aquilo. Portanto, abrace as suas escolhas e seja grato a elas. Foram as escolhas que você fez no passado que fizeram que você fosse quem é hoje e são as escolhas do presente que desenharão o seu futuro.

Consciência e gratidão são as palavras chaves para se viver feliz, livres do peso das escolhas mal feitas, pois não existem escolhas mal feitas, existem escolhas necessárias.

por: Juliana França – juliana@ohumanoemnos.com.br