Nesses últimos dias fiquei refletindo sobre a nossa capacidade e rapidez em julgar. Comecei a pensar sobre isso lendo o livro ‘Comunicação não-violenta’, que me foi recomendado no curso de Cultura de Paz que fiz no ano passado.
Na astrologia, Saturno é o planeta do julgamento, aquele que cobra, coloca as coisas no lugar, olha torto e tenta organizar tudo. Ele é taciturno, metódico e talvez aja assim pautado pelo medo. E o medo, muitas vezes, é decorrente da necessidade que temos de ter total controle sobre algo. Saturno quer controlar e por desejar isso, acaba julgando quando algo não sai do jeito que gostaria.
Fazendo esse paralelo, me observando e observando as pessoas e situações ao meu redor, percebi que sempre estamos prontos para julgar o que quer que seja. Também comecei a observar a falta de costume que temos de tecer elogios e dizer quando gostamos de algo. Por que será que é mais fácil observar sempre o que está em desacordo?
Quando avaliamos algo, estamos sempre colocando aquilo sob uma ótica que talvez não seja a mais adequada. Ao julgar, nos esquecemos de uma premissa muito simples: somos todos seres diferentes, com visões de mundo diferentes e perspectivas diferentes. Ao mesmo tempo, tudo o que buscamos é a plena felicidade e tentamos consegui-la à nossa maneira, seja ela qual for. Esse conceito de certo e errado nunca fez muito a minha cabeça, porque nunca acreditei que pudesse me pautar por regras alheias.
A busca pela perfeição, muitas vezes, acaba fazendo com que nós afastemos da gente aquilo que acreditamos que não podemos ser. Colocamos embaixo do grande tapete do inconsciente os nossos “defeitos”, para que ali fiquem escondidos juntos com o nosso lado pior. A única coisa que esquecemos é que não adianta esconder, pois um dia tudo isso vem à tona.
Reconhecemos no outro aquilo que somos. Reconhecemos no outro o defeito que temos e não queremos assumir e por isso nos incomoda a não perfeição das coisas, pois não somos perfeitos e a sociedade nos cobra essa perfeição dia após dia, seja na escola, na família ou no trabalho. Mas todos esses que nos cobram uma perfeição, também não são perfeitos. Então por que tanta cobrança? Será que não seríamos mais felizes se pudéssemos assumir que não existem defeitos, pois não existe perfeição? Por que insistimos em rotular tanto, rotular tudo?
Eu não sou perfeita. Eu sou bastante. Experimente você também ser bastante, com todos os sentimentos e sensações que te pertencem, que são seus. Não se julgue. Esse é o primeiro passo para também não julgar o outro.
*Comunicação Não Violenta – Marshall Rosenberg, Ed. Ágora