Tenho pensado muito sobre a não agressão e a cultura de paz. Como sermos pacíficos, generosos e cheios de compaixão numa cultura e numa sociedade que nos incita simplesmente o contrário disso tudo?
Recentemente passei por algumas situações que me geraram muita raiva. Todos nós passamos por situações assim, esse não é um privilégio meu. E geralmente, nesses momentos, acumulamos aquela raiva por determinada pessoa ou situação e nos deliciamos ao alimentar cada pensamento negativo, ao soltar cada palavra recheada de mágoa, como se ao falar e contar para outras pessoas esse sentimento fosse desaparecer ou ao menos melhorar, mas mal nos damos conta de que ao fazer isso, em cada gesto, cada olhar, cada pensamento e cada palavra, estamos alimentando mais ainda esse sentimento ruim, que vai aumentando até virar um monstro.
Há uma história de que na noite em que Buda atingira a sua iluminação, ele se sentou sob uma árvore. Enquanto ele estava ali, foi atingido por uma tropa que lançou várias flechas contra ele, mas antes de atingi-lo essas flechas viraram flores. E como isso é possível?
Após ler essa história, fiquei dias refletindo sobre isso. Em como muitas vezes transformamos simples flechas numa tremenda batalha. Às vezes nem percebemos o que está sendo lançado contra nós, apenas vemos uma certa movimentação e já nos levantamos com as nossas armaduras, prontos para a revanche. Nesse movimento nos deixamos contaminar por nossos pensamentos e suposições, já armamos o campo de batalha, damos nomes aos inimigos e imediatamente começamos a chamar gente para a guerra, afinal, temos que ter o maior numero de pessoas ao nosso redor. E assim, quando menos percebemos, a batalha está formada. Passamos grande parte do nosso tempo arquitetando as estratégias para destruir o inimigo e sair ileso da briga. E, de repente, as simples flechas se transformaram (em nossa cabeça) num arsenal de armas perigosas. E tudo isso pra quê?
Fazendo um paralelo com a força Plutoniana*, percebemos que sentimos isso quando algo ameaça a nossa felicidade. Quando percebemos que algo ou alguém surge para tirar aquilo que nos gera prazer, imediatamente somos tomados por uma raiva imensa, uma vontade destrutiva sem igual.
Plutão traz transformação, morte, poder. É uma força externa que age em nossas vidas causando um grande abalo, e, muitas vezes, gerando muita raiva. Eu costumo dizer que existem três fases de lida com a força plutoniana: a fase cobra, águia e fênix. A fase cobra é quando só alimentamos o veneno da raiva e tudo o que mais desejamos é destruir a pessoa/causa que nos gerou tamanha dor. Rastejamos e temos o olhar fixo em um único plano: o da destruição. A fase águia é quando conseguimos sair da situação (e da raiva) e observar por outro ângulo. É quando começamos a ter uma nova percepção sobre os fatos e aceitar o acontecido. Já a fase fênix é quando após ter essa nova visão, transcendemos e transformamos a nossa dor em aprendizado. Não é fácil passar por essas três fases ao lidar com certas dores, mas um olhar pacífico, um sentir não violento, sempre é mais acolhedor que o acúmulo de raiva e rancor. Afinal, ao acumular esses sentimentos negativos, só fazemos mal a nós mesmos.
Ao lidar com os pedidos de transformações que a vida nos traz, precisamos tentar ver flores ao invés de flechas. Plutão mata (física e simbolicamente), mas também transforma e traz poder. Faz parte da dualidade da vida. Como vamos lidar com determinada situação, só depende de nós e da forma como enxergamos os fatos.
Ao sermos atingidos pela raiva por outra pessoa, podíamos fazer um exercício de tentar usar a serenidade e a compaixão para também ver o sofrimento do outro, entender por que ele age assim e como também sofre. Não somos seres isentos de sentimentos. No fundo, o que todos nós buscamos é a nossa felicidade. E entender e aceitar isso nos ajuda a ver flores no lugar de flechas. Não estou dizendo que isso nos isenta da responsabilidade de determinadas atitudes, mas essa visão nos ajuda a ter um olhar mais generoso em relação aos acontecimentos. Só somos capazes de perdoar o outro, se formos capazes de perdoar a nós mesmos. Por isso, experimente abaixar as armas de vez em quando. Talvez a outra pessoa precise apenas de um pouco de compreensão e amor, assim como você e todos nós.
O seguinte texto é sobre Urano e seu trânsito atual, em Áries. Urano é o planeta da inovação, das mudanças. Quando ele transita, pede uma quebra de estruturas, gera uma eletricidade que busca o novo e no signo de Áries essa intensidade se mostra em sua maior potência, com uma velocidade que só um signo de fogo pode dar.
Nesse contexto, duas pessoas se conhecem, numa situação inusitada e num momento inusitado. Um típico encontro Uraniano. Como lidar com a ocasião?
Tarô e Astrologia se misturam para ilustrar, mais uma vez, os seus símbolos na vida cotidiana de todos nós.
Um texto em forma de carta, uma narrativa com sensibilidade.
Bom proveito!
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São Paulo, 28 de agosto de 2012.
André,
A Roda da Fortuna no Tarô é a carta do destino. E com o destino, não adianta brincar, é ele quem manda. Engraçado essa carta sair sempre que tiro as cartas pensando em você. De fato existe um porquê, talvez ainda não muito claro para nós.
Pensando aqui com os meus botões, percebi uma coisa interessante. Talvez toda essa situação tenha vindo para nos ensinar a ter cautela. Eu não acredito em acaso, sei que tudo acontece por uma razão e no prazo exatamente certo. Não tem dessa, da pessoa certa na hora errada. A gente é que pensa que a hora é errada, porque simplesmente não sabe lidar com os fatos presentes e prefere pensar assim, pois é mais fácil acreditar nessa bobagem ao deixar alguém especial partir de nossas vidas. Não quero partir e não quero que você parta. Mas o meu querer, apenas, não é suficiente. E a Roda da Fortuna vem exatamente para nos dizer isso. Há muito mais além da nossa percepção, do nosso desejo. Há uma razão e uma mudança, um abalo de estruturas, que pode ser muito positivo, se assim permitirmos e visualizarmos.
Ontem eu tive medo, medo de perder. Por um momento pensei que novamente fosse ter que lidar com o desapego e me vi triste. O fato de ter conseguido ver esse medo, me fez perceber que eu estava me apegando a você, a essa história meio destrambelhada que estamos vivendo. Não acredito que tenha que ter uma forma, um jeito ou um nome. Mas naquele momento eu quis segurança, quis ter controle e percebi que a situação fugia ao meu alcance. Perceber e aceitar isso, me fez ter uma nova visão sobre os fatos. Novamente aprendi, aprendi que para que seja leve, é preciso deixar fluir, fluir numa dinâmica que não é a minha e nem a sua, é necessário que essa história flua na dinâmica que ela mesma se propôs a acontecer: livre.
Urano é assim, ele pede liberdade, surge rompendo barreiras, quebrando paradigmas e mostrando uma nova faceta das coisas. Ele abala estruturas e faz surgir o novo, assim como a Roda da Fortuna. Nossa dinâmica é bem essa, nova, inusitada, transformadora. Não quero me prender ao que poderia ser se fosse diferente, porque simplesmente não o é. Isso seria me apegar a algo que não existe e prefiro viver a realidade aos sonhos irreais. Se a vida te trouxe dessa forma pra mim e dessa mesma forma você também foi presenteado com a minha presença, que sejamos maduros o suficiente para aprendermos juntos a lidar com essa situação. A sorte grande bateu às nossas portas na hora certa e temos a opção de aceitar ou não esse presente. E essa decisão não é uma decisão individual, ela é conjunta e se um não aceitar, o presente simplesmente se desfaz e cabe ao outro entender que, mais uma vez, a dinâmica da vida se fez, e aceitar.
Eu te aceito como esse presente, como desafio e aprendizado. Temos que aprender, um com o outro, a mover essa Roda da Fortuna a nosso favor, viver a sinceridade, a individualidade, o respeito e a vontade de cultivar algo bom. Se enxergarmos por outro ângulo, veremos que a situação está completamente a nosso favor: este é o momento de inovar (Urano) nas nossas relações, dando espaço para nós como indivíduos e para o outro. Não é uma tarefa fácil, mas é uma tarefa totalmente possível de se realizar.
E é exatamente isso que desejo: que sejamos livres e felizes. Que possamos nos aceitar com as nossas qualidade e defeitos e que possamos, sempre, aprender muito.
E que venha Urano e a Roda da Fortuna! E que venha o Presente e os desafios. E que a sinceridade e o respeito nos acompanhe nessa jornada.
Depois que o site foi lançado, muitos vieram me perguntar sobre essa história de Plutão, Netuno e Saturno. Afinal, esses planetas existem nos mapas de todo mundo? A resposta é sim! Depois de várias dúvidas totalmente pertinentes, resolvi elaborar um mini-guia astrológico. Vamos lá!
Para se calcular um mapa, precisamos saber o dia, a hora e o local de nascimento da pessoa. Eu costumo dizer que o mapa natal é “a fotografia da nossa alma”, pois por ele conseguimos ver traços de personalidade, entender pontos fortes e fracos, como nos relacionamos com o mundo e etc. Isso tudo porque o mapa é dividido em 12 casas e cada casa simboliza um aspecto em nossa vida: o nosso eu, a lida com bens materiais, comunicação, família, criatividade, relacionamentos, trabalho, amigos e por aí vai.
Cada uma dessas casas é regida por um signo (12 casas, 12 signos), e isso explica muita coisa! Isso quer dizer que em cada área específica da sua vida, você provavelmente é de uma forma, age de um jeito e por isso você não é o ‘mesmo’ em todas as situações. É como se dentro de você coubessem 12 vocês diferentes, totalmente adaptáveis às circunstâncias diversas. Daí vêm os planetas, que caem também aleatoriamente no mapa, trazendo significado para as casas aonde estão e para outras com as quais fazem aspecto. Cada planeta também tem um significado e é isso o que eu venho contando um pouco aqui no site.
Quando eu digo, por exemplo, que o meu signo é Virgem, na verdade estou dizendo que tenho o meu Sol em Virgem. O Sol e a Lua também contam como planetas e o Sol diz muito da nossa identidade e do nosso eu, por isso é tão importante na astrologia.
Em relação aos trânsitos astrológicos, esses são movimentos que os astros fazem no céu e afetam o nosso mapa natal de alguma forma. Então, quando digo que Plutão está em trânsito, entrando em Capricórnio, isso significa que ele está cruzando uma fronteira e, portanto, marcando o início de um novo ciclo em um novo signo. Num âmbito geral, toda vez que um planeta muda de signo num trânsito ou faz algum aspecto com outro planeta, ele trará alguns significados para o mundo como um todo e individualmente, dependendo da configuração do seu mapa natal.
Na ilustração acima temos um exemplo de um mapa natal, com as divisões das casas, os planetas e seus aspectos.
A astrologia é uma excelente instrumento de auto-conhecimento, pois nos permite ter contato com o nosso eu mais profundo, nossas grandes questões, nos enxergar claramente, nos entender e nos aceitar nas pequenas diferenças. Portanto, se bem trabalhada, com toda a sua simbologia, pode ser uma potente ferramenta terapêutica.
Lembro bem quando você cruzou o meu ascendente: sisudo, firme, focado. Buscava colocar ordem na casa, trazer a verdade, jogar fora aquilo que não funcionava. Você trouxe questionamentos, situações difíceis, determinação e também confusão. Você jogou todas aquelas planilhas sobre mim e me provou por A mais B tudo o que não servia mais e que eu precisava organizar aqui dentro. Foram anos complicados, Saturno. Anos de muita revisão, e também anos de muito aprendizado. Porque quando a gente se aceita e se conhece, tudo fica mais leve, mas confesso que esse processo não é o mais fácil e delicado de se passar. Você parece aquele pai que cobra pra gente ser melhor em tudo, porque, na verdade, tudo o que você busca é a perfeição e o compromisso, não é?
Agora você se despede do signo de Libra. Segue o seu caminho em direção ao complexo sigo de Escorpião. Depois de todos esses anos nos obrigando a rever as nossas relações com as pessoas e com o entorno, agora você vai de encontro com a reflexão sobre a verdade e as leis da impermanência. A morte (física e simbólica) não será a mesma depois que você adentrar esse signo. As transformações terão outros gostos, você vai cobrar decisões fortemente, eu sei. Vai buscar a limpeza além da organização e vai pedir verdade em todo o seu caminho. É agora ou nunca, eu sei, Saturno. O compromisso com a vida precisa ser feito.
Obrigada por ser tão determinado. Obrigada por nos fazer quebrar as nossas cabeças em busca de algo maior. E seja bem vindo à sua nova fase.
Depois de uma noite de insônia, a pior coisa é acordar cedo. Mais terrível do que isso, é pegar um grande engarrafamento que te leva até o trabalho. Não tem escapatória, depois de começar o dia assim, o mau humor já se coloca ao lado, como o grande companheiro. E daí a rotina vai te levando: projetos para finalizar, reuniões, mais trânsito, ar condicionado gelado, mais reuniões, mais arquivos, chateações.
– Oi, tudo bem? Como foi o seu dia?
– Péssimo.
Viver de inércia é o mais comum. Às vezes nem nos damos conta de que lá fora um lindo Sol brilha, ou que o colega ao lado tem algo de muito interessante para ensinar. E eu lá quero aprender alguma coisa?
Irritação. Uma constante em nossas vidas, junto da ansiedade, é claro.
Estamos vivendo um trânsito importante: Urano desde que entrou em Áries vem pedindo velocidade nas mudanças, que chegam de surpresa em nossas vidas. Mas mudar dá medo, é o novo, gera insegurança: o que fazer?
Nesses momentos de muitos tremeliques na vida, o melhor a se fazer é ter calma. E daí a simbologia do Tarô com o seu arcano maior: ‘A Temperança’ vem nos dar um conselho. Essa carta representa a tranqüilidade, a paz e a harmonia interior. Nesse sentido, a paciência e o amor trabalham juntos, em busca de um equilíbrio. Ok, eu sei que isso é complicado nos dias de hoje, mas como tomar uma decisão embasado num momento de fúria ou inércia? Só a calma é capaz de nos ajudar a entender os fatos e aceitar a vida.
Que gosto tinha o seu café hoje de manhã? Você parou para senti-lo? Provavelmente não, né? Eu sei, também tenho essa dificuldade às vezes. E se por um momento conseguíssemos sair um pouco do padrão e experimentar algo novo? E se experimentássemos observar as pessoas ao redor, sentir o gosto do nosso alimento, apreciar o dia e sorrir um pouco mais?
Temperança. Só mesmo a calma e a paciência são capazes de nos ajudar a ter paz em momentos de mudanças tão drásticas e rápidas na vida.
Dê uma pausa. Permita-se.
Respire. Ao permitir o ar entrar pelas suas narinas, sinta a vida que você carrega. Que sentido você dá pra ela?